24/01/2012

Os Espíritos não resolvem os seus problemas!!!


Muita gente procura o centro espírita em busca de uma conversa direta com os guias espirituais.

Talvez acreditem que, se tiverem oportunidade de conversar, chorar suas mágoas e defender suas idéias de autopiedade, os espíritos se mobilizarão para auxiliá-los e destrinchar suas dificuldades com toda a urgência e facilidade.

Meu Deus, como muitos irmãos estão equivocados!

Espírito nenhum resolve problemas de ninguém.

Esse definitivamente não é o objetivo nem o papel dos espíritos, meu filho.

Se porventura você está em busca de uma solução simples e repentina para seus dramas e desafios, saiba que os espíritos desconhecem quimera capaz de cumprir esse intento.

No espiritismo, não se traz o amor de volta; ensina-se a amar mais e valorizar a vida, os sentimentos e as emoções, sem pretender controlar os sentimentos alheios ou transformar o outro em fantoche de nossas emoções desajustadas.

Os espíritos não estão aí para “desmanchar trabalhos” ou feitiçarias; é dever de cada um renovar os próprios pensamentos, procurar auxílio terapêutico para educar as emoções e aprender a viver com maior qualidade.

Até o momento, não encontramos uma varinha mágica ou uma lâmpada maravilhosa com um gênio que possa satisfazer anseios e desejos, resolvendo as questões de meus filhos.

O máximo que podemos fazer é apontar certos caminhos e incentivar meus filhos a caminhar e desenvolver, seguindo a rota do amor.

Não adianta falar com as entidades e os guias ou procurar o auxílio dos orixás, como muitos acreditam, pois tanto a solução como a gênese de todos os problemas está dentro de você, meu filho.

Ao menos no espiritismo, a função dos espíritos é maior do que satisfazer caprichos e necessidades imediatas daqueles que concentram sua visão nas coisas do mundo.

Não podemos perder nosso tempo com lamentações intermináveis nem com pranto que não produza renovação.

Nosso campo de trabalho é a intimidade do ser humano, e a cientização de sua capacidade de trabalhar e investir no lado bom de todas as coisas. Nada mais.

Tem gente por aí se deixando levar pelas aparências de espiritualidade.

A grande multidão ainda não despertou para as verdades espirituais e acha-se com os sentidos embriagados e as crenças arraigadas em formas mesquinhas e irreais de viver a vida espiritual.

Persegue soluções que lhe sejam favoráveis, e, em geral, tais soluções dizem respeito a questões emocionais ou materiais que meus filhos não se sentiram capazes de superar.

Ah! Como se enganam quanto à realidade do espírito.

O aprendizado da vida é longo, amplo e exige um esforço mental de tais proporções que não torna fácil romper com os velhos hábitos de barganhas espirituais aprendidos com as religiões do passado.

Fazem-se promessas, cumprem-se rituais na esperança de que os espíritos ou Deus concedam-lhes um favor qualquer em troca de seus esforços externos, que presumem sobrepor-se aos valores internos.

Pensamentos assim resultam de uma educação religiosa deficiente e advêm de hábitos seculares que perduram nos dias atuais e carecem de uma análise mais profunda.

Os indivíduos que agem com base nessas premissas evitam reconhecer sua responsabilidade nos acontecimentos que os atingem e pensam enganar a Deus com seu jeito leviano e irresponsável de tratar as questões espirituais.

Fatalmente se decepcionam ao constatar que aquilo que queriam não se realizou e que as focas sublimes da vida não se dobraram aos seus caprichos pessoais.

Os problemas apresentados pela vida têm endereço certo, e não há como transferi-los para os espíritos resolverem.

Se determinada luta ou dificuldade chega até você, compete a você vencê-la.

Na sede de se livrar do processo educativo ministrado pela vida, meus filhos esperam que , os espíritos, possam isentá-los de seus desafios. Isso é irreal. Não detem o poder de transferir de endereço a receita de reeducação que vem para cada um.

Nenhum espírito minimamente esclarecido poderá prometer esse tipo de coisa sem comprometer o aprendizado individual.

Foram chamados pelo Pai para auxiliar meus filhos apontando o caminho ou a direção mais provável para alcançarem êxito na construção de sua felicidade.

Vejam como exemplo a atuação do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mesmo matando a sede e a fome de multidões, ele não arranjou emprego para ninguém.
Curou e restabeleceu a saúde de muitos que nele acreditaram, mas não libertou ninguém das conseqüências de seus atos e escolhas.
Sabendo das dificuldades sociais da época, não tentou resolver questões que somente poderiam ser transpostas com o tempo e o amadurecimento daquele povo.
Em momento algum o vimos a prescrever fórmulas para dar fim a desavenças de ordem familiar, socio econômica nem tampouco emocional, recomendando meios de trazer o marido de volta ou fazer a pessoa amada retornar aos braços de quem deseja.

Uma vez que ele é o Senhor de todos os espíritos e não promoveu coisas nesse nível, como podemos nós, seus seguidores, sequer cogitar realizá-las?

O que podemos deduzir das atitudes de Nosso Senhor, meus filhos, é que, se ele não se dispôs a realizar tais demandas, que na época certamente existiam, é porque a natureza de seu trabalho era outra.
Mesmo debelando os males, prestando o socorro que podia, ele não eximiu a população de enfrentar seus desafios.
Quem recebeu o pão voltou a ter fome e inevitavelmente teve de trabalhar para suprir as próprias necessidades; quem foi curado teve de aprender a valorizar a própria vida, pois outras enfermidades viriam mais tarde; quem Jesus ressuscitou dos mortos desencarnou mais adiante.

Em suma, o processo de reeducação a que conduzem os embates da vida é tarefa de cada um.

Cristo Nosso Senhor apenas indicou a direção, mas cabe a cada seguidor palmilhar o caminho com suas próprias pernas, avançando com passos seguros e resolutos em seu aprendizado.

Através desse raciocínio, meu filho, você poderá compreender a razão pela qual não há proveito em recorrer aos espíritos para livrá-lo do sofrimento ou isentá-lo de dificuldades.

Esse é o caminho do crescimento na Terra, e não há como fugir às próprias responsabilidades ou transferir o destino das tribulações.
A dívida acorda sempre com o devedor, não há como se furtar a essa realidade.

Capítulo do livro Pai João, da Casa dos Espíritos Editora. (livro Alforria reeditado)
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Fernanda